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Minha mãe e seu exemplo de feminilidade |

Não estou falando aqui só dos "órfãos de mãe". Há uma maioria gigantesca que não é representada nessas publicidades. Vamos combinar, quantas mães se parecem com modelos de 25 anos? E quantas delas gostam e/ou tem tempo de cozinhar ou de arrumar a casa? Cadê as mães divorciadas? Cadê as mães chefes de família? Cadê as mães lésbicas? Cadê as mães negras? Na TV é que elas não estão. O que se vê é um modelo que não muda nunca: a mãe amorosa, bonita e dona de casa, sem opções. Ela deve ser assim. Empurram padrões de beleza e de comportamento e quem não se encaixa que arque com as consequências.
Me preocupa, principalmente, essa história do amor materno. É uma coisa imposta, não é uma coisa natural. A mãe DEVE ser a coisa mais importante na vida do filho, por isso fazemos propagandas apelativas, pra te lembrar disso. Você que não tem mãe ou cuja mãe é ausente, chega pra lá ou muda de canal, porque você não é público consumidor. Por outro lado, essa mesma mensagem é passada para as mães também, a partir do momento que você é mãe, você é obrigada a amar incondicionalmente sua cria, não porque você quer, mas porque a sociedade manda. O mesmo não é imposto ao pai, qual é a comoção que se vê quando um pai abandona o filho? Homem é assim mesmo, não é?
Eu não to falando tudo isso porque quero abolir o dia das mães, longe de mim. Eu falo porque acho que tá na hora de se refletir sobre mensagens como essas, sobre o lugar que é colocado a mãe e sobre as consequências disso. Porque, pelo que eu vejo agora, ser mãe ainda é um reducionismo do que é ser mulher ou, mesmo, do que é ser humano.
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