
Quando eu era pequenininha, achava bacana essa história da mulher ter um dia só pra ela, um dia INTERNACIONAL, caramba, que demais! Daí a gente ganhava flores na escola e todos os meninos vinham nos dar parabéns. O encanto meio que se quebrou quando eu comecei a estudar o feminismo, uma coisa a gente tem de admitir, o feminismo quebra muitos daqueles encantos tão bem construídos pela nossa sacra ignorância. Foi há alguns anos que eu comecei a encarar o dia 8 de março como uma espécie de compensação completamente descompensada. Peraí, eu luto o ano inteiro pra não me encaixar em determinados padrões de beleza e de comportamento, pra não ser diferenciada dos demais seres humanos da face da Terra, e me vem uma galera separar um dia pra ressaltar justamente isso?

Não sou louca, não acho errado tirar pelo menos um dia para se tomar consciência das questões que as mulheres enfrentam unicamente por serem mulheres, pelo contrário. Mas não é disso que o 8 de março de trata, não é verdade? Chove mensagens de parabéns pra você que é mãe, pra você que é romântica, sensual, carinhosa, família, bonita, porque é isso que é ser mulher. Concordo, beleza, algumas de nós correspondem a algumas dessas características, que são mais expectativas do que elogios em si, mas não são todas e, mesmo as que são, não são apenas isso. É meio escroto pegar uma dia que homenageia as lutas pelos direitos das mulheres e transformar isso em mais uma tentativa de afirmação do que corresponde e do que não corresponde ao "ser mulher".

Isso sim seria um dia pra comemorar. Pelo menos um dia no ano inteiro.
ai, Sarah, é isso tudo, mesmo. Acertou em cheio!
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