Tudo isso mudou quando comecei a namorar o meu lindo e maravilhoso Carlos Lins ♥, que me mostrou o quadrinho como meio de comunicação (o que o classifica mais como um comunicólogo vanguardista do que como um nerd inveterado, será?). Inclusive, existe uma matéria na faculdade de Comunicação Social chamada Oficina de Histórias em Quadrinhos, ministrada pela professora Selma Regina, autora do livro “Mulher ao quadrado: as representações femininas nos quadrinhos norte-americanos”.
Enfim, o que eu queria dizer mesmo é que o quadrinho é um meio muito rico, que está entre nós há um bom tempo e até hoje tem gente que não sabe reconhecer o valor desse material, tipo eu há algum tempo.
Acontece que esse meu namorado vivia me falando de como eu ia adorar Persépolis e que eu tinha de ler e tal e tudo. Primeiro ele me convenceu a ver a animação, que eu adorei! Daí ele ficou me cutucando intelectualmente, dizendo que tinha muito mais coisa no quadrinho, que eu tinha de ler! Um belo dia ele estava cercado de quadrinhos, escrevendo a monografia, então eu resolvi pegar o Persépolis dele emprestado. Fiquei tão maravilhada ao ler aquilo que agora quero todos os quadrinhos da Marjane Satrapi (a saber "Frango com Ameixas" e "Bordados")!
A coisa mais interessante a respeito desse quadrinho é que ele é a história de vida da Marjane, uma menina iraniana que cresceu em meio a guerras e a um regime totalitário. Nascida numa família com ideias esquerdistas, ela mostra todo o estranhamento de uma garota que, de uma hora para outra, teve de começar a usar o véu para sair de casa, quando o que queria de verdade era usar camisetas de suas bandas de rock ocidentais favoritas. Crescer com ideais modernos naqueles tempos de guerra não era saudável para a integridade de Marjane, então, aos 14 anos, seus pais a mandaram para a Áustria. Nessa etapa do quadrinho, vemos todo o choque cultural entre Satrapi e seus amigos ocidentais.
Mas Persépolis não fala apenas de guerra, ele nos mostra que existe vida inteligente no oriente. É duro dizer com todas as letras, mas, de fato, boa parte dos ocidentais acredita que o povo oriental, principalmente do Oriente Médio, é menos desenvolvido intelectualmente e culturamente. Marjane mostra que, apesar de todos os conflitos, os iranianos não deixaram de viver, de pensar e de se divertir e que houve sim uma resistência. O bom de ler e se deixar envolver por obras de culturas que não conhecemos direito é que elas nos surpreendem e abrem nossos olhos para os nossos preconceitos. Além do mais, sempre é bacana aprender com o outro, não?
Eu falaria muito mais, mas se eu desandar a escrever aqui, vou contar toda a história do livro e esse post vai ficar impossível de ler. A minha dica é: assistam a animação, leiam o quadrinho e se deliciem!
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