segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Entre princesas e cachorras

Hoje eu quero falar sobre um assunto complicado, mas acho importante a gente discutir em vez de simplesmente rir e optar por não entender. Estou introduzindo o assunto dessa maneira, porque eu vou falar a respeito do "Culto das princesas", que é ministrado pela pastora Sarah Sheeva. Para quem não sabe do que eu to falando, trata-se de um culto evangélico que prega a castidade e a pureza sexual entre mulheres, agora também tem uma versão do culto para os homens, o "Culto dos príncipes", que prega a mesma coisa.
No que me diz respeito, até aí tudo bem, sabe? É complicado falar sobre isso, justamente porque lida com convicções religiosas e opiniões pessoais, enquanto tem gente que acredita piamente em tais princípios, tem mais um montão de gente fazendo piada, rindo desse tipo de coisa. Isso eu acho horrível. Já mencionei aqui que eu tenho minhas convicções religiosas, estudo a bíblia e sou toda avessa a preconceito religioso, acho que o modo como uma pessoa escolhe viver sua vida só diz respeito a ela, hoje em dia chove piadinha para quem decide "se guardar até o casamento", acho tenso (nota mental: fazer um post sobre virgindade).
Bom, dito isso, agora vamos tratar do que realmente me incomodou. Não vejo problema em querer ser pura e casta, o problema é quando você se acha melhor do que os outros por conta disso. O culto diferencia muito bem princesas de cachorras, usa termos pejorativos para se referir a mulheres que gostam de sexo ou que simplesmente se vistam de maneira mais "chamativa", por assim dizer. Como assim, Brasil? Numa reportagem que andou circulando no facebook, fica bem clara a noção de que se um homem é tentado por uma mulher, a culpa é dela e até orienta os homens a negarem ajuda a mulheres bonitas, para evitar o pecado. Nããããão, gente! Socorro!!! E aí vem a velha e péssima noção de que é a culpa é da mulher que usa muita maquiagem, que usa roupa curta, que anda com as pessoas erradas, que decide ser independente... Dá pra entender o problema?
É isso que me dói lá no fundo do meu S2, por que comparar? Por que denegrir quem você acha diferente? Se é pra seguir o exemplo de Jesus, vamos, antes de tudo, tentar não julgar os outros e deixar que cada um use de seu livre arbítrio como bem entender? Respeito é bom dentro da igreja e fora dela. Da mesma forma que eu acho horrível preconceito religioso, também acho horrível gente que se acha superior por acreditar em Deus. E é por tudo isso que esse é um assunto polêmico e cá estou eu, de novo, com medo de ser apedrejada virtualmente.

Mas, em tempo, não culpo a igreja evangélica e, menos ainda, a Sarah Sheeva. Aliás, ela me pareceu uma pessoa bem sensata na entrevista que deu pra Marília Gabriela. O problema é que o tempo todo nos ensinam o que é mulher pra casar e o que não é, o que é a cachorra e o que é a princesa. Vou te falar, nem princesa nem cachorra encontra príncipe encantado, porque nada disso existe! Ninguém ensina a gente a buscar amores reais, ninguém ensina que as pessoas são como são, com defeitos e qualidades tão palpáveis quanto as nossas, mas enfim, isso já é assunto para um outro post...